Por Dra. Ana Paula Silvestre
O nosso cabelo tem um ciclo biológico dividido em três fases: anágena (crescimento), catágena (repouso) e telógena (queda). Para os cabelos no couro cabeludo, a fase anágena dura entre dois e sete anos. Após o tempo máximo de crescimento, a matriz para de produzir cabelo, desprende-se do couro cabeludo e desloca-se no sentido da superfÃcie da pele.
Já a fase catágena é de transição e dura de três a seis semanas. A telógena dura cerca de três meses e, ao final desta etapa, o cabelo é desprendido e inicia-se um novo ciclo.
Todos os dias perdemos em média cem fios em fase telógena e aproximadamente o mesmo número de folÃculos entra em fase anágena. Portanto, a duração da anágena também determina o comprimento do cabelo (sem considerar o corte) e o número de folÃculos em telógeno.
O desenvolvimento capilar é assincrônico, ou seja, tem crescimento, repouso e queda dos cabelos distribuÃdos aleatoriamente. O eflúvio telógeno (ET), que é a queda intensa, é causado por um desequilÃbrio nesse ciclo, que ocasiona o desprendimento sincrônico de uma grande quantidade de cabelos. O ET acontece entre um e três meses após um evento que precipita a entrada simultânea de um número significativo de fios na fase telógena.
Vários fatores podem desencadear o ET, confira abaixo as causas mais comuns:
– Alterações hormonais (Eflúvio pós-parto). Durante a gravidez, ocorre uma grande mudança em diversos hormônios femininos. A concentração de estrógeno, em especial, aumenta significativamente, mantendo maior quantidade de fios na fase anágena e menor na telógena, o que resulta em uma diminuição na queda. Após o parto, acontece um novo rearranjo hormonal, com estrógeno voltando rapidamente à concentração normal, o que acelera a entrada de vários folÃculos na telógena, desencadeando assim uma queda acentuada. O quadro, no geral, resolve-se sozinho entre seis e nove meses, mas um tratamento adequado receitado por um especialista pode acelerar a melhora.
– Anticoncepcionais. A troca ou suspensão da pÃlula pode causar desarranjos hormonais levando ao aumento dos fios na fase telógena e consequentemente a queda.
– Doenças da tireoide. Muitas vezes, a queda dos cabelos pode ser um sintoma inicial de alterações na glândula da tireoide, que podem ser detectadas por exame de sangue.
– Causas emocionais. Estresse psicológico intenso pode causar em algumas pessoas o eflúvio telógeno, ou queda de cabelo súbita e difusa. Situações traumáticas, como perda de um ente querido, acidentes ou violência, podem fazer com que os folÃculos capilares entrem em repouso prematuramente, o que desencadeia a queda. Quando a ocorrência é ultrapassada ou o corpo se ajusta a ela, o cabelo geralmente volta a crescer.
– Dietas inadequadas. Regimes extremos sem orientação e hábitos alimentares incorretos, com baixo consumo de proteÃnas, resultam em uma má nutrição dos fios. O corpo armazena a pouca proteÃna ingerida e faz com que os cabelos entrem na fase de repouso, levando a uma queda acentuada.
– Drogas/medicação. Alguns medicamentos podem levar à queda temporária, como os seguintes: alopurinol, heparina, anfetaminas, betabloqueadores, captopril, enalapril, metildopa, cimetidina, amiodarona, ibuprofeno, antidepressivos, doses elevadas de vitamina A, entre outros.